Uipi!

Nota zero para educadores que chamam a polícia

Por Ely Paschoalick*

 Tenho criticado educadores ou pessoas que exercem tal função e se denominam como tal, porém chamam polícia para alunos fora da sala e até para outros que estão dentro da sala.

Tenho feito severas críticas, pois os mesmos não são capazes de lidar com alunos que ameaçam ou realizam agressões.

Algumas pessoas me escrevem dizendo que faço isto porque já não estou mais à frente das salas de aulas e que os alunos de hoje estão um caos por falta de educação familiar, educação de berço, etc e tal…

Respondo que esta é uma visão de “Pôncio Pilatos” que lava suas mãos e continua executando o inocente Jesus.

Em uma obra intitulada “Inclusão não Rima” o mestre José Pacheco conta que é possível sim alavancar alunos do mundo de agressividade e despertar nele o melhor de si, incluindo-o na sociedade e na vida.

Leiam e reflitam:

Nos mais de trinta anos do projeto da Ponte, já houve agressões a professores?

“A atitude que vamos tendo continua a ser a mesma: carinho aliado a alguma autoridade (costumo chamar de autoridade carinhosa). Recebemos jovens com 15 e mais anos, que não sabem ler, expulsos de escolas onde se envolveram em graves problemas disciplinares e violência. Um deles não conseguia fazer outra coisa a não ser dar socos e pontapés em quem chegasse perto. Numa ocasião foi parar no chão e não deixava ninguém se aproximar. Um se ajoelhou ao lado do menino e, claro, começou a ser fisicamente agredido por ele. Foi atingido por alguns socos e pontapés, que deixaram marcas em suas canelas. Mas ele não revidou, não gritou com ele, não se afastou. Debruçou-se sobre o menino e o abraçou. Não suspendeu este abraço até que o menino parou de esmurrá-lo e chutá-lo e começou a chorar.

Soube, depois, que o pai do menino tinha morrido de overdose e a mãe cumpria pena por tráfico de drogas. Aquele abraço dever ter sido o primeiro que ele recebeu em muitos anos. A origem da violência naquele menino estava sendo ali, finalmente, atingida.

Uma professora da Ponte trabalha com arte-educação e fez com um grupo de crianças e adolescentes um trabalho de sensibilização e expressão corporal que, com alguma frequência terminava com algum “marmanjo” em lágrimas, deitado no chão, numa catarse sem fim. Eram crianças e jovens em profundo sofrimento, vindos de lares destruídos e que tinham na violência uma via tortuosa de expressão da dor e da revolta que sentiam.

Depois de anos e anos de vida escolar, era a primeira vez que alguém lhes dava alguma atenção. A Ponte era a primeira escola em que não havia uma sala onde se sentar ao fundo e ser ignorado, como costumava acontecer nas escolas das quais  tinham sido expulsos.

A maneira como a escola da Ponte se organiza conspira contra a violência. Um aluno não consegue passar muito tempo sem ser confrontado consigo mesmo e com a fonte de sua violência. Mas isso não significa que seja uma cultura “frouxa”: os professores podem ser bem  incisivos e enérgicos em algumas ocasiões. Os fundamentos desta cultura, expressos nos diversos dispositivos e práticas da escola diariamente se opõem à violência”.

(Visitante da Escola da Ponte)

É uma cultura de paz que necessitamos instalar nas escolas brasileiras e não uma cultura de guerra onde os alunos, entrincheirados ao centro, são constantemente mirados entre o time de pais e o time dos ditos educadores ou professores. E ainda por cima, convocam a polícia para reforçar este time.

Não dá para engolir…

*Ely Paschoalick é educadora e consultora em comportamento humano, nascida em Batatais – SP. É a terceira filha dos educadores sociais Guilherme Paschoalick e Maria Alzira Corrêa Paschoalick. Ely é avó de cinco netos Eduardo, Fernando, Roberto, Nikolas e Guilherme. É mãe de Tatiana Cristina, Vanessa Cristina e Moisés Guilherme. Paschoalick realiza palestras por todo o Brasil; atende consultas de orientação às crianças, jovens, pais, professores, supervisores e demais envolvidos no processo educacional; presta consultoria educacional aplicada em escolas e consultoria organizacional a empresas de prestação de serviço, comércio e indústria. É mediadora do programa “Concentração Training” cujos exercícios ampliam o poder de: Observar! Analisar! Perceber! Comparar! Sintetizar! Concluir! E auxiliam o aluno a desenvolver uma autoestima positiva. Ely é colunista de vários sites e constantemente está na mídia regional do Triângulo Mineiro -onde reside- que carinhosamente a chama de “Super Nany do Cerrado”. Ely Paschoalick possui formação em Administração Escolar, com especialização em consultoria Organizacional e Educacional. Atua profissionalmente desde 1968 tendo ministrado palestras, cursos e consultas para mais de 30 mil pessoas atendendo consultas a alunos de todas as idades, pais e educadores.

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